O Observatório de Equidade Educacional, do Núcleo de Excelência em Tecnologias Sociais (NEES), vinculado à Universidade Federal de Alagoas (UFAL) lançou uma plataforma que fornece uma análise personalizada de dados sobre matrículas em tempo integral. O painel também gera relatórios, por rede de ensino, município e unidade federativa. São ferramentas que oferecem aos gestores públicos documentos completos com tabelas, gráficos e análises comparativas, sem necessidade de manipulação manual dos dados, possibilitando leituras críticas das desigualdades e identificação de prioridades para a ampliação da oferta de tempo integral baseadas em evidências.
A iniciativa é uma parceria com a Diretoria de Monitoramento, Avaliação e Manutenção da Educação Básica (DIMAM), do Ministério da Educação (MEC). É uma estratégia para a qualificação do Programa Escola em Tempo Integral por meio da lente da equidade. “Essa colaboração tem como missão fortalecer a produção e o uso de evidências para apoiar políticas públicas que promovam o acesso justo e igualitário à educação integral no Brasil”, destaca o líder de Pesquisa do Observatório de Equidade, Gabriel Fortes.
Além da plataforma, a equipe liderada por Gabriel está produzindo dois estudos, um com abordagem quantitativa e outro com abordagem qualitativa, voltados à investigação dos desafios, estratégias e impactos da implementação da jornada em tempo integral nas redes municipais e estaduais. Começaram ano passado e analisam desde barreiras estruturais à adesão até efeitos do modelo sobre indicadores de equidade e qualidade educacional.
Interatividade
A plataforma foi desenvolvida com tecnologias modernas (NextJS e Django) e apresenta uma série de funcionalidades interativas voltadas à análise desagregada de dados sobre matrículas em tempo integral. É organizado em duas grandes seções: dados agregados por municípios e dados agregados por escolas, cada uma com filtros interativos que permitem cruzar variáveis como unidade federativa, etapa de ensino, faixa de matrícula em tempo integral, Índice de Nível Socioeconômico (INSE), ano de referência dos dados (2021 e 2023) e raça/cor e sexo (em seções específicas).
“É possível, por exemplo, visualizar gráficos com distribuição percentual de municípios e escolas por faixa de matrícula em tempo integral e quintis de INSE. Também há mapas de avanço que classificam os territórios em estágios de muito até a meta alcançada”, explica Gabriel Fortes. Outras possibilidades são, conforme o pesquisador do NEES, análises por Estado permitem observar desigualdades regionais e variações entre as redes; e boxes de destaque, com interpretações automáticas dos principais achados apresentados nos gráficos.
“Essas funcionalidades tornam a plataforma uma ferramenta poderosa para as equipes técnicas das Secretarias de Educação e também para a sociedade pois permitem uma análise, baseada em dados, das desigualdades. E a partir daí pode ajudar na definição de estratégias para o aumento da oferta de vagas em tempo integral para quem mais precisa”, afirma Gabriel.
“Ao transformar dados públicos em conhecimento acessível, navegável e útil para a tomada de decisão, a plataforma se coloca como referência nacional no uso de tecnologias para enfrentamento das desigualdades educacionais, colocando a equidade no centro das ferramentas, das análises e das soluções”, complementa.
Relatórios por Rede
Além da navegação visual e exploratória, a plataforma disponibiliza uma funcionalidade exclusiva de geração de relatórios analíticos e sintéticos em PDF, adaptados à realidade de cada rede de ensino. “A geração é feita de forma automatizada, com apenas alguns cliques, permitindo que gestores públicos obtenham documentos completos com tabelas, gráficos e análises comparativas, sem necessidade de manipulação manual dos dados”, diz Gabriel.
“Essa solução visa atender diretamente às demandas de monitoramento territorializado, subsidiando o planejamento de ações com base em evidências e promovendo a autonomia técnica das redes na análise dos próprios dados educacionais”, complementa o pesquisador o líder de pesquisa do Observatório.
A plataforma foi desenvolvida pela equipe de tecnologia do Observatório de Equidade, liderada pelos pesquisadores Wilmax Marreiro Cruz e Leonardo Soares e Silva.
Equidade
“Com esses estudos e a plataforma, a parceria entre o Observatório/NEES e a DIMAM demonstra como a combinação entre conhecimento técnico, tecnologias sociais e compromisso institucional pode contribuir para uma política educacional mais transparente, responsiva e orientada pela justiça social”, enfatiza Gabriel.