Pesquisadores do Observatório de Equidade Educacional, do Núcleo de Excelência em Tecnologias Sociais (NEES, ligado à Universidade Federal de Alagoas (Ufal), estiveram na Bahia, entre os dias 18 e 20 de setembro, para ministrar um curso para gestores das secretarias municipais e Estadual de Educação. A iniciativa atende uma das metas do observatório, de investir em formação. A oficina mostrou a importância de adotar um olhar interseccional sobre os dados educacionais para avaliar resultados e melhorar as políticas públicas.
Cerca de 400 pessoas participaram dos três dias de curso. As atividades aconteceram em Salvador, no Instituto Anísio Teixeira (IAT), no bairro de São Marcos. Do NEES estavam a coordenadora geral do Observatório, Angelina Vasconcelos; o líder de Pesquisa, Gabriel Fortes; e os pesquisadores Luan Torres, Patrícia Fortes e Pedro Henrique Matias.
“O convite da Secretaria de Educação da Bahia reflete o impacto que o trabalho do Observatório de Equidade Educacional está tendo nas redes de ensino, mobilizando gestores a pensarem sobre indicadores e monitoramento de dados”, destacou Angelina.
No início de setembro, uma outra formação ministrada pelo Observatório aconteceu para educadores do Piauí, mas de forma remota. No Encontro Formativo para Articuladores Regionais do Piauí, organizado pela Rede Nacional de Articulação de Gestão, Formação e Mobilização (Renalfa), Angelina Vasconcelos deu uma palestra com o tema “Análise de dados com lentes interseccionais: o desafio da equidade”.
Interseccionalidade
Nas oficinas, os pesquisadores do Observatório ressaltam que os gestores devem ter um olhar interseccional sobre os dados. “Isso implica entender que diferentes marcadores sociais atravessam a experiência educacional, exacerbando privilégios e vulnerabilidades sociais a depender da raça, gênero e nível socioeconômico desse estudante”, destaca Gabriel Fortes.
Durante as oficinas, o que se observa é uma mudança do olhar para problemas individualizados e exclusivamente de natureza pedagógica para um olhar que reflete sobre sistemas de opressão na sociedade, uma abordagem intersetorial que articule diferentes frentes da política pública para dar conta das injustiças sociais vivenciadas na escola e reforce o compromisso da gestão educacional com pautas sociais.
“A análise interseccional dos dados educacionais permite um olhar mais profundo e contextualizado das desigualdades. Nos ajuda a entender como diferentes formas de opressão, como machismo, racismo e classismo, operam simultaneamente para criar desvantagens específicas para determinados grupos”, enfatiza o líder de pesquisa do Observatório. “Somente ao reconhecer e lidar com essas interseccionalidades podemos desenvolver políticas públicas verdadeiramente eficazes e justas”, complementa Gabriel.