Este guia oferece a gestores e comunidades escolares um passo a passo sobre como utilizar dados para identificar e combater as desigualdades na educação. A publicação destaca a importância de ir além das médias e analisar informações de forma interseccional, cruzando marcadores como raça, gênero, renda, território e deficiência para revelar as barreiras que afetam grupos específicos de estudantes. O objetivo é transformar registros do dia a dia (como frequência, notas e dados do Censo Escolar) em ferramentas poderosas para uma tomada de decisão mais justa e eficaz.
Para auxiliar nesse processo, o material apresenta o “Guia 4 R’s do Manejo de Dados”, uma metodologia simplificada baseada em quatro ações centrais: Recolher apenas os dados necessários e com consentimento; Revisar a qualidade e a consistência das informações;
Resguardar os dados de forma segura e ética; e Revelar os achados em linguagem clara e de forma participativa com a comunidade escolar. Essa abordagem garante que o ciclo de uso dos dados seja transparente, seguro e focado em gerar ações concretas para a promoção da equidade.
Além dos fundamentos teóricos, o documento disponibiliza um “Kit de Instrumentos” com ferramentas práticas e prontas para uso, como o “Mapa de Dados da Escola” e checklists. Esses recursos foram desenvolvidos para serem aplicados sem a necessidade de tecnologias complexas, permitindo que qualquer escola comece a organizar suas informações, identificar lacunas e planejar intervenções precisas. A proposta é fortalecer uma cultura de gestão baseada em evidências, onde os dados se tornam aliados para cuidar melhor de cada estudante e construir um ambiente educacional verdadeiramente inclusivo.
A situação da Escola Dandara de Palmares revela tensões entre o compromisso com a equidade e a resistência de parte da comunidade escolar a discutir temas como racismo e gênero. A gestão enfrenta o desafio de mediar conflitos e construir consensos em torno de uma educação democrática e inclusiva. As reações de professores e pais mostram que ainda prevalece uma cultura escolar tradicional, que separa conteúdos acadêmicos de debates sociais. Para superar essas barreiras, é essencial promover formações sobre diversidade, fortalecer o protagonismo estudantil e integrar a pauta da equidade ao planejamento pedagógico. Assim, a escola poderá alinhar-se aos princípios da Lei 10.639/2003 e da BNCC, formando cidadãos críticos e conscientes de seu papel na transformação social.
A análise de dados pelo guia 4R’s torna o monitoramento mais eficiente, ao deferir registrar, revisar, refletir e planejar ações com base nos resultados reais da escola.
Conforme a Lei Brasileira de Inclusão (LBI), a deficiência não deve ser vista como um “erro” no aluno a ser tratado, mas como uma interação entre o indivíduo e as barreiras do ambiente. A superação exige transformar a escola e não o aluno, garantindo acessibilidade e equidade. O papel da gestão é atuar no combate ao preconceito, fazendo uso da cultura inclusiva através do (PPP), que nele deve ter a inclusão como eixo central . Para o docente deve-se criar aulas que contemplem a todos, desde o planejamento, abandonar a prova padronizada e única em favor de avaliações que considerem o progresso individual. Em se tratando das famílias as quais detêm conhecimento valioso sobre o estudante, devem participar das decisões. Enfim, a escola deve assumir a responsabilidade social de eliminar barreiras, transformando o ambiente escolar em um espaço ajustável à diversidade humana.