Em seminário do MEC, pesquisadores do Observatório da Equidade Educacional orientam gestores a interpretar dados com o olhar da interseccionalidade

A convite do Ministério da Educação (MEC), pesquisadores do Observatório da Equidade Educacional ministraram uma oficina no 1º Seminário de Monitoramento e Avaliação de Políticas de Educação Básica, realizado nestas terça e quarta-feira (dias 20 e 21), em Brasília. A atividade foi bastante concorrida e ensinou gestores públicos a analisarem dados educacionais a partir da interseccionalidade e com objetivo de promover a equidade.

Do observatório estavam a coordenadora geral, Angelina Vasconcelos; o líder de pesquisas, Gabriel Fortes; e os pesquisadores Julio Cezar Costa, Patrícia Fortes e Pedro Henrique Matias. “Receber esse convite do MEC reforça o quanto o Observatório da Equidade Educacional vem trazendo importantes contribuições para o monitoramento de políticas públicas e como podemos usar lentes de equidade com interseccionalidade para agregar nos parâmetros de qualidade”, destacou Angelina Vasconcelos.

Realizado pela Secretaria de Educação Básica (SEB) do MEC, o seminário aconteceu no Centro de Formação e Desenvolvimento dos Trabalhadores em Educação do Ministério da Educação (Cetremec). Na abertura do evento, a secretária da SEB, Kátia Schweickardt, destacou a importância do monitoramento e da avaliação das políticas educacionais, levando em consideração a diversidade e a desigualdade brasileira. 

“As avaliações e os monitoramentos são ferramentas construídas por nós. Elas têm que ser assumidas, para que a gente possa entregar os resultados. Esses resultados são a garantia de direitos. Esses números, métricas, os gráficos, precisam traduzir direitos. Não tem nenhuma política pública que seja mais emancipadora e garantidora de direitos do que a educação, especialmente a educação básica”, enfatizou Kátia

OFICINA

Participaram do seminário e das oficinas gestores e equipes técnicas do MEC, além de 27 representantes das equipes técnicas das secretarias estaduais de Educação e articuladores da Rede Nacional de Articulação de Gestão, Formação e Mobilização (Renalfa) que atuam no âmbito do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada. 

“Os participantes avaliaram que a oficina agregou muito, pois permitiu a compreensão de que é possível visualizar as necessidades da sala de aula em análise de dados, aprofundando a compreensão do papel da interseccionalidade na avaliação e monitoramento de políticas públicas pensando em equidade”, destacou Angelina

“Foi um sucesso, com debates e boa participação. Recebemos feedback muito positivo, com pedidos de que essa mesma oficina seja oferecida para redes de ensino”, comentou a coordenadora do Observatório de Equidade Educacional.

“Nas oficinas os participantes tiveram um olhar interseccional de dados administrativos da educação pública brasileira. Aprenderam a perceber que há injustiças “escondidas” nos modos tradicionais de analisar os dados. Também usaram uma mesa de trabalho digital desenvolvida por nós do Observatório, onde fizeram análises de dados a partir de suas próprias reflexões”, explicou Gabriel.

REFLEXÃO

Assessor técnico da Secretaria Estadual de Educação do Piauí e articulador estadual da Renaulfa no Piauí, Cleverson Moreira foi um dos que participou da oficina ministrada pelo Observatório da Equidade Educacional.

“Considerei a temática da oficina extremamente necessária para as conversas que a gente vem realizando no âmbito do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, sobretudo a respeito do monitoramento e do acompanhamento da política pública de alfabetização de crianças”, afirmou Cleverson.

“A oficina trouxe um alerta para uma cultura que está sendo implementada e ganhando bastante força que é a interpretação dos dados e evidências nas políticas públicas. Ao interpretar esses dados, a gente precisa ter um cuidado muito importante que foi exatamente o destaque dessa oficina: a interseccionalidade”, ressaltou Cleverson.

“Uma política pública analisada sem a lente certa ou com poucas lentes pode produzir mais desigualdades ou mais desafios e problemas, em vez de solucioná-los. Acabei a oficina mais inspirado e preparado para um diálogo mais produtivo, ao voltar para o Piauí e oferecer as devolutivas para outros atores do meu Estado”, afirmou Cleverson.

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